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PATRIMÔNIO MATERIAL DE ARARI



O Patrimônio Cultural de uma comunidade é composto de todas as expressões materiais e espirituais que lhe constituem, incluindo o meio ambiente natural. Podemos dizer que Patrimônio é o conjunto de bens materiais e/ou imateriais que contam a história de um povo e sua relação com o espaço geográfico. É o legado que herdamos do passado e que transmitimos a gerações futuras. O Patrimônio pode ser classificado em Material e Imaterial.

Assim, podemos dizer que o patrimônio material são os aspectos mais concretos da vida humana, e que fornecem informações sobre as pessoas. Através do patrimônio material é possível conhecer a dinâmica das sociedades e suas relações sociais e ambientais, assim como suas condições de vida e de trabalho. O bem material é o tangível, aquele que podemos tocar e reconhecer. Estão presentes nas antigas casas de taipa e adobe, ruinas de engenhos antigos, arquitetura tipo colonial como as igrejas e capelas, as casas de farinha (casas de forno), as fotografias e documentos históricos, as ruas, praças etc.

Arari possui mais de 200 anos de existência como povoação. Daí, muito do seu patrimônio material já se perdera. Contudo, ainda existem vestígios e ruínas, além de alguns que se mantém preservados. Vamos relacionar o que ainda perdura acerca do Patrimônio Histórico Material arariense.

§ Ruínas do Engenho Babilônia, no povoado Flexeiras. O Engenho Babilônia pertenceu ao Barão de Itapari. Produzia açúcar de qualidade. Ainda é possível encontrarmos alguns vestígios como o encanamento de ferro e o poço que abastecia o engenho, além de um grande tacho de ferro.

§ Igreja Nossa Senhora da Graça, que teve sua construção iniciada em 1932, após a demolição da antiga capela construída por Lourenço da Cruz Bogéa, em 1806. Em frente à igreja fica a praça de Bandeira, onde, historicamente acontece as novenas dos grande e seculares festejos de Nossa Senhora da Graça e Bom Jesus dos Aflitos.

§ Capela de Santana, no Perimirim. A capela foi construída em 1895, onde até hoje ocorre o Festejo de Sant’Ana.

§ Capela de Santa Luzia, construída em 1894, um ano antes da Capela de Sant’Ana. De acordo com ERICEIRA (2012), os registros mais antigos de celebrações na Capela de Santa Luzia datam de 13 de dezembro de 1894, são cinco assentos de batizados realizados pelo Cônego João Manoel de Freitas, Vigário de Arari à época.

§ Ruínas da Capela de Nossa Senhora do Carmo, localizada no povoado Carmo. A capela foi construída por frades carmelitas. Infelizmente, foi destruída. Nesse povoado existe a mística de um ferro que muda de lugar conforme a soberba de quem o carrega.

§ Engenho Antigo localizado no povoado Barreiros, de propriedade do Senhor Oswaldo Sena Praseres. O maquinário do engenho foi trazido da Inglaterra, em 1860. É possível ver a marca e a data cunhadas na moenda. O engenho do Sr. Oswaldo continua ativo, produzindo cachaça apenas. Arari teve muitos engenhos ao longo da sua história. A maioria não se encontra nem vestígios mais. Exemplo é o Engenho Santa Margarida, que pertencera aos senhores Pedro Saraiva e Cipriano dos Santos. Tudo ser perdera: a casa grande, o engenho e todo o seu aparato.

§ Memorial Padre Brandt – o memorial só existe por iniciativa da Professora Creuzinha Ribeiro. Ela é a curadora e guardiã do memorial que preserva a história e a memória do notável Padre Clodomir Brandt e Silva, que chegou em Arari em 1944. No memorial encontram-se valiosa coleção dos jornais Boletim Paroquial e Notícias, livros escritos pelo padre-escritor, fotografias, objetos pessoais, imagens sacras, além de equipamentos como máquina de datilografia e mimeógrafo. A casa que abriga o memorial também faz parte do Patrimônio Material de Arari. Ela pertencia à Senhora Justina Fernandes, ex-prefeita e correligionária do padre Brandt. Após o término de seu mandato, em 1955, ela mudou-se para São Luís e doou a casa para o padre.

§ Casas de farinha, para nós, ararienses, conhecidas como casas de forno. São pequenos galpões de taipa a maioria, sem paredes, para a circulação de ar, com seus diversos equipamentos, caititus, prensas rudimentares e outras mais modernas, fornos de cobre ou de ferro, peneiras, tipitis e cochos. Na maioria das vezes, são de uso comunitário. A maioria dos povoados de Arari possuem suas casas de fornos. A produção da farinha, muitas vezes, também acontece de forma comunitária, sobretudo nas comunidades onde o processo de produção é totalmente manual.

§ Casas de taipa – esse tipo de arquitetura chegou ao Brasil trazida pelos portugueses durante a colonização. Destaca-se como técnicas construtivas mais utilizadas o adobe e a taipa. Apesar de haver o uso considerável da construção em alvenaria (tijolos), são encontradas ainda hoje, com mais frequência na zona rural. Considera-se as casas de taipa como Patrimônio Material pelo seu rito de construção histórico, que até hoje passa de geração para geração, como forma de ocupação transitória do espaço.

§ Construções antigas, muitas seculares até, como a casa que pertence ao empresário Jorge Martins. A que abrigou a Capitania dos Portos e hoje abriga a Guarda Municipal. O prédio que abrigou a Cottonière e hoje abriga o hospital municipal. O prédio que pertencera ao Tonico Santos, ex-prefeito de Arari, que também foi sede da Prefeitura Municipal, e hoje abriga a Escola Municipal Raimunda Marques. A casa da Família Bogéa, que já abrigou a Prefeitura Municipal. O prédio do Colégio Arariense...

§ As bicicletas-táxis – BITAS. É uma invenção arariense. Surgiram na década de 1990, a partir da iniciativa das Irmãs Franciscanas de Reute. Inicialmente, serviam como meios de transporte, dá a denominação bita. Depois, foram adaptadas e hoje são utilizadas como transporte de cargas. São fundamentais no cotidiano arariense.

§ Os igarités, pequenas embarcações motorizadas, de pequeno calado, que singram o Mearim diariamente. Arari já teve muitos exímios fabricantes de igarités.

Os valores socioculturais tradicionais se manifestam por meio do Patrimônio Material e Imaterial existente no município. A importância de se preservar o Patrimônio Histórico está associada à constituição de uma memória coletiva, considerando que é por meio da memória que nos orientamos para compreender o passado, e o comportamento de um determinado grupo social. O estímulo da memória também contribui para a formação de identidade, retomada de raízes, e a compreensão a respeito da situação sociocultural de um povo.



REFERÊNCIAS


CARTILHA CONHECER PARA PRESERVAR: patrimônio cultural na área de abrangência da Linha de Transmissão de Energia Elétrica Açailândia-Miranda do Norte II, p. 19-28.

ERICEIRA, Marise. Raizes de Arari. Unigraf, São Luís, 2012, p. 538-539.



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