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ARARI E A BALAIADA





Durante o período regencial, no Brasil, que durou nove anos, de 1831 a 1840, aconteceram muitas revoltas como a Sabinada, na Bahia, a Cabanagem, no Grão-Pará, a Guerra dos Farrapos, no Rio Grande do Sul, além da Revolta da Balaiada, no Maranhão, em 1838. O país, há poucos anos tinha conquistado a sua independência e passava por momentos de instabilidade política e econômica. O governo regente tinha muita dificuldade para manter a unidade do território imperial.

A Balaiada foi uma revolta popular que aconteceu no Maranhão, entre os anos de 1838 e 1841, em prol dos menos favorecidos. Tinha esse nome por causa de um dos seus importantes líderes: Manoel dos Anjos Ferreira, fabricante de balaios (cestos fabricados na região), entrou no movimento porque decidiu se vingar do soldado que havia desonrado uma de suas filhas.


No início da Balaiada, quem obteve grande destaque foi o vaqueiro Raimundo Gomes Vieira Jutaí, que era conhecido por “Cara Preta”. Foi, exatamente no início da revolta, que Arari teve a sua importância nessa conjuntura. Em 1838, Arari era uma povoação ligada administrativamente ao município de Vitória do Mearim. Lembrando que, em 13 de maio de 1836, dois anos antes do começo da Balaiada, o então Juiz de Paz, José Antônio Fernandes, encaminhara requerimento ao Bispo da província do Maranhão, Dom Marcos Antônio de Sousa, pedindo que a capela do Arari fosse elevada à categoria de curato. Em setembro do mesmo ano, o Bispo mandou ouvir o vigário do Mearim sobre o deferimento do pedido. De acordo com Brandt e Silva (1985), vigário do Baixo Mearim, à época, era o Padre José Lourenço Bogéa, filho do notável Lourenço da Cruz Bogéa, português, criador dos seculares festejos de Nossa Senhora da Graça e de Bom Jesus dos Aflitos, em Arari, nos anos de 1811 e 1812.


No ano de 1838, o padre Inácio Mendes de Moraes e Silva, possuía uma extensa fazenda de gado vacum e cavalar, denominada de Fazenda Buenos Aires, que se estendia pelos territórios de Anajatuba, Arari e Vitória do Mearim. O administrador da fazenda, homem da confiança do padre Inácio, era o vaqueiro Raimundo Gomes Vieira.


Raimundo Gomes foi incumbido de levar às feiras e vender uma grande boiada. No exercício deste mandado, junto com outros vaqueiros da fazenda, teve que passar pelas imediações da vila da Manga do Iguará (hoje, município de Nina Rodrigues) onde o prefeito policial, José Egito Pereira da Silva Coqueiro, conservador (Cabano) e adversário do padre Inácio Mendes de Moraes e Silva, que era liberal (Bem-te-vi), mandou prender, de propósito, para causar prejuízo ao padre, todos os vaqueiros. A boiada, assim, foi impedida de continuar a viagem. Muitos bois fugiram ou morreram de fome e sede.


Conta-nos Brandt e Silva, que Raimundo Gomes arrombou a cadeia, soltou os presos e apresentou um papel em que dizia que não queriam o atual Presidente da Província e sim o Vice-presidente, e que nem queria, também, os prefeitos e subprefeitos, e, só, sim, os juízes de paz, exceto José Egito, por não ser Bem-te-vi.


O vaqueiro Raimundo Gomes e outros nove homens que restavam soltos, tomaram o quartel e as armas dos soldados que estavam de plantão, soltaram todos os demais presos e fugiram. Daí por diante, ninguém mais segurou a rebentina que se alastrou com rapidez por várias regiões do estado do Maranhão. Portanto, a Balaiada nasceu da iniciativa de homens que saíram do Arari à época. Raimundo Gomes, como falamos acima, foi citado como chefe do movimento em seu início.


O padre Inácio Mendes de Moraes e Silva certamente não ficou alheio aos fatos ocorridos na Manga do Iguará. Como era político influente e grande latifundiário, tomou as suas providências, mesmo sendo de um partido político rival dos chefes da Província do Maranhão.


Brandt e Silva (1985, p. 71) diz que o que é sobremaneira interessante é que a Balaiada tivera seu início na região do Arari e em Arari veio acabar. “A última batalha da guerra foi travada em terras que agora pertencem ao município de Arari, no lugar “Calabouço”. A luta entre as tropas comandadas por Luís Alves de Lima e Silva (Duque de Caxias), e o que restava dos que ainda obedeciam ao Dom Cosme Bento das Chagas, tutor e imperador das liberdades Bem-te-vis, resultou na vitória dos soldados legalistas.


Ainda segundo Brandt e Silva, o valente e inquebrantável, Cosme das Chagas, foi preso antes de atravessar o Campo do Carmo. Derrotado e capturado, foi levado para Itapecuru Mirim, onde foi enforcado. O vaqueiro Raimundo Gomes, que iniciara a revolta, foi preso e mandado para o exílio em São Paulo, mas morreu durante a viagem. Os demais “balaios” que sobraram da batalha do Calabouço atravessaram o rio Mearim, alcançaram o povoado Tabocal, mas foram capturados e mortos no campo chamado de “Campo dos Defuntos”.



Algumas causas da Balaiada:


Briga política entre os dois grupos que dividiam o poder no Maranhão:


· Liberais, conhecidos como Bem-te-vis: cujo nome foi inspirado no jornal que representava os anseios da população urbana; eram liberais e apoiaram a fase inicial da Balaiada.

· Conservadores, conhecidos como Cabanos: lutaram contra a revolta.


Lei dos Prefeitos


A Lei dos Prefeitos determinava que o governador da província poderia nomear os prefeitos das cidades. Isso gerou revolta porque era um meio de o governador avançar seu poder para o interior provinciano e desbaratar qualquer organização contrária a quem estava no poder. Essa escolha só foi possível por conta do Ato Adicional de 1834, que garantiu maior autonomia para os governos provinciais.




REFERÊNCIAS


BRANDT & SILVA. Assuntos Ararienses 1. Editora Notícias. Arari, 1985, p. 66-72.


HIGA, Carlos César. "Balaiada"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/historiab/balaiada.htm. Acesso em 20 de março de 2022.


MARQUES, César Augusto. Dicionário Histórico-Geográfico da Província do Maranhão. Fon-Fon e Seleta, Rio de Janeiro, 1970, p. 88.








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