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O caminhar da pesquisa científica em Arari


Imagem retirada da internet.

Bem, acredita-se que o primeiro pesquisador a vir fazer pesquisa em Arari foi o eminente médico e historiador César Augusto Marques, que, por duas vezes, esteve em nossa cidade colhendo informações para o seu prestimoso Dicionário Histórico e Geográfico da Província do Maranhão. Claro e normal, que algumas informações acerca de Arari colocadas por César Marques em seu trabalho foram contestadas por outros estudiosos, como, por exemplo, Padre Brandt. Todavia, suas observações e apontamentos foram de grande importância para a construção da geo-história maranhense.

De acordo com o nosso conhecimento, José Silvestre Fernandes, geógrafo de considerável prestígio no Maranhão, que lecionou Geografia Física no respeitado Colégio Pedro II, no Rio de Janeiro, foi o primeiro arariense a se interessar pela pesquisa científica. Produziu na área da Ciência Geográfica quatro importantes trabalhos: Os Sambaquis do Noroeste Maranhense, O Assoreamento da Costa Leste Maranhense, este fenômeno, inclusive, estudado e advertido por Silvestre Fernandes, em 1948, foi constado nos dias atuais, revelando, assim, as características de um grande pesquisador; Os Semi-Deltas do Noroeste Maranhense e Baixada Maranhense fecham a grandiosa obra científica do nosso notável conterrâneo.

O profícuo Padre Clodomir Brandt e Silva também dedicou-se à pesquisa. Os seus livros Assuntos Ararienses I e II e os que tratam da genealogia das famílias ararienses, são de uma riqueza histórica destacável. Suas pesquisas na área da História de Arari, até hoje são usadas como referências em vários outros trabalhos de cunho histórico acerca do torrão arariense. As pesquisas “brandtianas” são valorosas obras antropológicas e genealógicas deste nosso chão sacrossanto.

Reporto-me agora à elogiável pesquisa de Eden do Carmo Soares, ictiólogo arariense, profundo conhecedor da fauna ictiológica da nossa região. As suas pesquisas na área da limnologia renderam uma obra espetacular intitulada Peixes do Mearim. Assim, Eden Soares, que é filho do saudoso escritor e geógrafo, José Soares, figura, com méritos, em nosso panteão do conhecimento científico também.

Neste breve histórico da Ciência em Arari, não poderia ficar de fora o Dr. Raimundo Reginaldo Soares Santos com a sua bela pesquisa sobre o melhoramento genético do arroz irrigado. Deste estudo do Dr. Reginaldo na área da Agronomia, surgiu o afamado arroz Arariba, que originou-se do cruzamento das variedades BSL, Pusa e Basmanti. O nome arariba, claro, foi uma homenagem ao nosso município, onde a linhagem foi selecionada e testada. O Dr. Reginaldo é considerado como um dos grandes pesquisadores do estado do Maranhão, na área da irrigação de arroz. Associado à pesquisa do Dr. Reginaldo, surgiu, ainda, a rizicultura, que é o consórcio do cultivo de arroz com a piscicultura.

Outro pesquisador arariense digno de menção é o nosso confrade Dr. Antônio Rafael da Silva, médico, com doutorado em doenças infecciosas e parasitárias. Dr. Rafael da Silva há alguns anos dedica-se à pesquisa científica na área da Medicina. Sua atuação está registrada em seu prestimoso livro a Colonização Agrícola de Buriticupu – a história contada por quem a viveu. Dr. Rafael é pesquisador membro da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) e da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical (SBMT). É o nosso maior representante da área das Ciências em nossa Academia.

O nosso estimado historiador, João Francisco Batalha, também possui posição destacável em nosso caminhar científico. Suas obras, sobretudo sobre as de cunho histórico, são de imenso valor, uma vez que trazem riquezas de detalhes acerca da nossa história. É um pesquisador detalhista e atencioso aos fatos. Como exemplo, cito a obra Um Passeio Pela História do Arari, em duas edições, que trouxe à tona muitos acontecimentos ocorridos em Arari, que eram por nós desconhecidos. A cronologia da obra é magistral. A História é uma ciência fundamental para a sociedade. Do mesmo modo, e pelo mesmo viés científico, cito a professora Marise Ericeira. Suas pesquisas deu-nos a maravilhosa obra Raízes de Arari, que traz com minucia a origem das insignes família ararienses, além da genealogia de personagens ilustres, grandes vultos da nossa terrinha. Ainda falando da pesquisa arariense na sua vertente histórica, enfatizo as obras do nosso eminente confrade José Fernandes: Gente e Coisas da Minha Terra e o Universo de Padre Brandt, que expõem de forma fidedigna fatos marcante do nosso lugar e sobre o baluarte da nossa cultura, o Padre Clodomir Brandt e Silva.

Em 2009, o confrade Isidoro Filho e eu realizamos um singelo estudo socioambiental na foz do Mearim. Esse estudo partiu de conversas e curiosidades sobre a “Boca do Rio”. Despois de alguns bate-papos, decidimos visitar a região e fazer apontamentos. Realizamos 4 viagens, redigimos vários textos e fizemos registro fotográfico dos fenômenos e da problemática encontrados no local. Em 2010, já com um bom material coletado, decidimos inscrever a nossa pesquisa no Congresso Ciência e Vida, da Universidade Estadual do Maranhão – UEMA.

Há alguns anos, o município de Arari vem despertando o interesse de pesquisadores da Universidade CEUMA. Dentre estes, os pesquisadores Fabrício Brito e Flávio Moraes. Fabrício Brito, doutor em sensoriamento remoto pelo INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), desenvolve, em Arari, uma interessante e grandiosa pesquisa sobre o rompimento de meandros (curvas do rio) no Mearim, no trecho que compreende de Arari até um pouco acima da foz do rio Pindaré. Ele mapeou todos os meandros desse trecho e, há mais de dois anos, vem analisando e estudando o processo de erosão in loco e através de imagens de satélites desde o ano de 1975 até os dias atuais, disponíveis nos arquivos do INPE. Com essa pesquisa, o pesquisador vem revelando iminentes acontecimentos impactantes ao próprio rio e à população arariense, como: extinção de peixes, salinização perene das águas e problemas no abastecimento de água.

Já o pesquisador Flávio Moraes, realiza estudos sobre a mata ciliar do rio Mearim próximo aos povoados de Santa Inês e Estirão Grande. O trabalho envolve ações de análise do solo, comportamento da fauna e flora local, além da educação ambiental junto às populações ribeirinhas. O pesquisador pretende implantar com esse trabalho um necessário projeto de revitalização da mata ciliar, usando espécies nativas da região.

Recentemente, veio para Arari o geógrafo e arqueólogo catarinense, Willian Carboni Viana, que escolheu o nosso município para desenvolver a sua tese de doutorado, que será submetida à Universidade do Porto, Portugal. O estudo intitula-se: A (RE) PRODUÇÃO DO TERRITÓRIO AGRÁRIO DA BAIXADA MARANHENSE: os povoados de Arari (Maranhão - Brasil). Solicitamos do ilustrado pesquisador um resumo do trabalho: “O presente estudo aborda a questão agrária na microrregião geográfica da Baixada Maranhense, marcada pela concentração da maior parte das terras nas mãos de poucos proprietários e pela ocupação posseira resistente, consolidada ao longo do processo estadual de expansão agrícola. Na área em tela a conformação agrária está ligada ao contraste entre o tradicional-rudimentar e o mecanizado, materializado no confronto entre trabalhadores rurais e representantes da modernidade (latifundiários e dirigentes de grandes empreendimentos agropecuários e/ou de monocultura), não existindo sinais de uma visão de desenvolvimento rural integrado ou sequer da valorização da natureza. No caso, a abertura do mercado favoreceu as políticas de proteção ao sistema vigente, que prioriza a produção em larga escala e prejudica os pequenos produtores, com o processo de globalização a enfatizar a diferença, desfavorecendo os muitos que se incluem num sistema de campesinato. Assim, escolheu como locus empírico o município de Arari (Maranhão, Brasil) e seus povoados rurais, enfocando a (re) produção do espaço agrário-produtivo. O município em epígrafe é cortado pelo rio Mearim, o maior genuinamente maranhense, e insere-se no contexto da microrregião geográfica acima citada, pelo que se justifica verificar os efeitos locais do processo de globalização econômica à escala mundial, em especial no meio produtivo agrícola.

Há ainda outros trabalhos louváveis atinentes à ciência. Boa parcela do nosso povo possui formação superior. Muitos já desenvolveram trabalhos acadêmicos como monografias, artigos científicos, dissertações e teses. Outros inúmeros acadêmicos não-ararienses já realizaram trabalhos de conclusão de curso (TCC), tendo Arari como tema das suas pesquisas. Assim, Arari conta com uma produção científica expoente, se comparada com outros municípios de pequeno porte como o nosso. Estudar é preciso. Pesquisar é preciso. Fazer ciência é fundamental para o crescimento de qualquer civilização.

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